terça-feira, 9 de março de 2010

Inspiração

Estou me tornando uma fanática devoradora das revistas de corrida. Fico ansiosa todo início de mês, quando parece que a espera por uma nova edição não vai ter fim. E como é bom quando dou de cara com uma revista bonita, com matérias interessantes, que parece ter sido feita pra mim. A felicidade que isso me traz pode ser, sem nenhum tantinho de exagero, comparada a de uma criança quando ganha o tão esperado brinquedo.  
Esse mês não foi diferente quando vi a O2. Tudo bem que a chamada da capa de um especial só para corredoras não corresponde ao conteúdo e, sinceramente, isso foi frustrante. Mas a aquisição da revista já valeu só pelo editorial que eu vou compartilhar logo abaixo com vocês. Aliás, a O2 tem de longe, o melhor editorial.

"Você já deve ter lido ou ouvido sobre os sacrifícios que a corrida exige. Dietas, treinamento espartano, uma existência quase que seminarista - ou de convento, já que estamos em março, mês das mulheres. Exagero. A verdade é que ser um corredor exige, sim, a concordância com algumas regras. Claro que o sujeito tem todo o direito de acordar no horário que bem entender, fazer uma dieta à base de torresmo, cerveja e batata frita, sair para a balada toda santa noite e, quando surgir o desejo, calçar os tênis, trotar por aí e considerar-se um corredor. E com razão.
Mas vamos nos ater a outro estilo de atleta. Do tipo que acorda antes do sol para treinar (e que muitas vezes só se dá conta de que está chovendo com o dia claro, ou seja, depois da primeira metade do treino, e que, 'ah, agora já comecei, não vou parar...). Que apesar de não ser nutricionista, tenta balancear as refeições, sabe a importância de carboidratos, proteínas e gorduras, de comer pouco e sempre... Corredores que já se acostumaram a ir dormir um pouco mais cedo, mesmo que ainda falte o segundo tempo do jogo do seu time, o final do capítulo da novela das oito ( que, faz tempo, não começa antes das nove), a última parte do filme. Gente que - o.k., hora de confessar - já escapou de fininho de uma festa para não ter de dar exlicações ('Mas tão cedo? Fica mais um pouco, vai'...).
Para essa turma que aprendeu a usar o frequencímetro (ou está a caminho de), para quem a planilha não é um código indecifrável, que está interessada em limiares, fartleks, fortalecimento de quadríceps, pronadores, supinadores e outros termos que fariam erguer sobrancelhas de boa parte da humanidade, correr definitivamente não é e nem exige sacrifícios maiores. O sol é uma benção, o frio melhora o rendimento, o vento refresca e até mesmo um temporal ou outro pode ser encarado como aliado.
Alimentação equilibrada é combustível para o corpo, água desintoxica. E nada como uma boa noite de sono para recarregar a pilha para o dia seguinte.
Fazemos a O2 exatamente para corredores que não se sacrificam, mas que simplesmente se esforçam o quanto acham necessário para correr melhor, não importa se isso signifique ser mais rápido nos 10 Km, conseguir fazer uma maratona abaixo de três horas, completar uma ultra ou estrear nos 5 Km. Porque não há sacrifício quando se faz o que gosta. Ou talvez haja: explicar - de novo! - por que você prefere ir dormir para correr no dia seguinte em vez de descobrir quem será eliminado de mais um internável reality show da televisão. Mas ninguém aqui disse que vida de corredor era moleza...
Corra!".
Zé Lúcio Cardim
Fonte: Revista O2 83março/10

É ou não é pura inspiração?

Nenhum comentário:

Postar um comentário